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quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Matéria especial que fiz para Gazeta: Fundação Pró-Esporte pode ajudar a mudar cultura
Entidade seria responsável pelo gerenciamento municipal do esporte de alto rendimento
Edmar Ferreira
São Caetano, Santos, Presidente Prudente e Araraquara. Essas potências são citadas constantemente como exemplos de política no esporte. A maioria dos atletas de ponta do Brasil sai justamente dessas cidades. Todas elas têm algo em comum: possuem uma Fundação Pró-Esporte (Fupe).
Limeira já tem quase 300 mil habitantes e comportaria uma Fupe. A falta de uma cultura esportiva na cidade está explícita. Nas entrevistas feitas para esta edição especial de aniversário, nenhum limeirense lembrou-se de colocar o esporte na agenda do próximo governante. Mas, se a nova administração pública pensar em adotar a Fupe para os próximos anos, aqui vai uma dica muito importante.
Segundo o atual secretário municipal de Esportes Júlio César Florindo, não será tão simples assim e requer algumas etapas.
Além disso, os convênios vivem tendo problemas burocráticos, ficam travados e são insuficientes. O tal incentivo fiscal (ISS) muitas vezes vai para atletas, que pouco fazem para o esporte da cidade. É possível que a solução mais viável para o momento atual do esporte limeirense seja a criação da Fundação Pró-Esporte.
A Fundação Pró-Esporte seria responsável pelo gerenciamento do esporte de alto rendimento. Através de uma ampla estrutura organizacional, a Fupe desenvolveria a política municipal voltada exclusivamente para esportes de competição. Em parceria com a Secretaria de Esportes e demais órgãos públicos municipais, ela poderá promover a integração de todas as modalidades esportivas, inclusive em competições como Jogos Regionais e Jogos Abertos.
Objetivos e finalidades
Uma das finalidades é a viabilização de patrocínio e apoio aos atletas da cidade, ampliando a obtenção de recursos financeiros que supram as atividades durante toda a temporada. A fundação pode receber recursos da União, Estado, município e iniciativa privada.
Há condições
Para o professor Luciano Mercadante, do curso de Ciências do Esporte da Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp, Limeira tem condições de pensar grande no esporte. Para o especialista na área, a cidade necessita de mais recursos humanos e equipamentos adequados para começar a pensar no esporte de alto rendimento.
Ele cita os Jogos Regionais como exemplo.
"Vejo muitas cidades contratando atletas de fora pelo simples desejo de ver estampado nos jornais uma colocação honrosa, quando, na verdade, é uma conquista enganosa. Ganhar os jogos é bom, mas, para a formação do jovem atleta e o futuro esportivo da cidade, não serva para nada, apenas para dar status. Dá-se a impressão de que a cidade apresenta qualidade em determinada modalidade pelo resultado alcançado, que tem bons atletas, mas termina a competição e todos vão embora para suas cidades.
Na verdade, o saldo depois dos jogos, é que o atleta da cidade fica desestimulado por não participar, pois seu lugar foi ocupado por um atleta de fora, que nem Limeira conhece. Seria ideal que toda cidade deixasse de investir em competidores de fora e começasse a pensar em formar seus próprios atletas. Limeira, pelo que sei, perpetua esse equívoco, como muitas outras cidades. Nota-se que alguns jovens talentos despontam nos Jogos Escolares e começaram a competir pela cidade. Isso é importante, mas hoje, onde este jovem atleta poderá se especializar? Devemos começar a pensar no futuro", comentou.
Primeiro passo: criação de um Conselho
Ainda na opinião de Mercadante, antes de Limeira contar com a Fundação Pró-Esporte, seria preciso criar um Conselho Municipal de Esporte, formado por pessoas de diferentes setores, envolvidas com o esporte e que tenham ideias e boa vontade.
"Nesse caso, devemos contar com pessoas que tenham conhecimento e vivência na área esportiva. Este conselho deverá discutir e propor políticas esportivas para a cidade e, entre elas, os critérios para aplicação dos recursos da Fundação. É o primeiro passo para que Limeira se torne um celeiro de atletas de ponta no futuro. Vale lembrar que todo investimento em esporte para jovens e adolescentes se transformará em economia no futuro, principalmente na área da saúde", reforçou.
Competitividade requer mais investimentos
Como muitas outras cidades, Limeira também sofre com o pouco investimento na área esportiva, principalmente em termos de construção de novos espaços para esporte competitivo. Vale lembrar que o Vô Lucato, com capacidade para 1.200 pessoas, foi construído em 1976. De lá para cá se passaram 35 anos. Qual obra esportiva foi construída nesse longo período, além do acanhado ginásio Domingos de Felice, no Jardim Santo André?
A Prefeitura de Limeira tem um projeto pronto para construção de um centro esportivo de alto rendimento e espera recursos para sua construção. O prefeito Silvio Félix procurou a Unicamp e iniciou conversas para discutir uma parceria para viabilizar este projeto somando esforços, uma vez que a universidade também necessita de novos espaços esportivos para o curso de ciências do esporte.
"Pelo que vi noticiado na imprensa, quando o ministro dos esportes, Orlando Silva, visitou Limeira, disponibilizou verba para a construção do ginásio do centro esportivo. Tenho certeza que ganharemos um ginásio à altura da cidade", destacou o professor Mercadante.
No sentido de participar do desenvolvimento do esporte competitivo na cidade, o professor destaca que vários projetos estão em construção no curso de ciências do esporte da Unicamp. Por exemplo, o projeto "Crescendo com o Esporte," voltado para crianças de 1ª a 4ª série.
"Pretendemos colaborar com o planejamento e oferecimento de iniciação esportiva em diferentes modalidades em parceira com as escolas municipais. Queremos disponibilizar e orientar nossos alunos a participar com o professor de educação física da rede municipal neste projeto. Para isso, é preciso viabilizar a recuperação de quadras poliesportivas das escolas, a qualificação dos professores da rede, o pagamento de horas de trabalho desse professor, entre outras ações".
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