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domingo, 5 de julho de 2015

Limeirense dá aula de jiu-jítsu para soldados nos Emirados Árabes


Se você acha que disputar uma final de mundial é um desafio, imagine ser o responsável por um batalhão inteiro do Exército dos Emirados Árabes Unidos.

Pois bem, o professor Adrien Roberto Domingues, de 48 anos, principal nome do jiu-jítsu limeirense e um dos maiores campeões do nosso país, aceitou esse novo emprego, ou melhor, esse novo desafio, que por sinal, é de extrema responsabilidade.

Adrien passou por uma seletiva no Rio de Janeiro e foi aprovado para trabalhar na Base 42 da Infantaria, situada na cidade de Al Ain, onde ministra aulas da modalidade para cerca de 50 soldados.

Domingues contou que um príncipe, filho de um sheik, foi morar em Nova York, nos Estados Unidos. Ele decidiu visitar a academia do brasileiro Renzo Gracie e se interessou pelo jiu-jítsu. "Pelo que nos contaram, esse príncipe recusou a ajuda de seguranças e foi sozinho na academia treinar. Ele queria ser tratado como um aluno comum, sem ter privilégios. Ele gostou tanto que aprendeu rapidamente", disse.

Segundo Adrien, quando retornou aos Emirados Árabes, o príncipe mostrou mais agilidade, força e disciplina, rendendo elogios do pai. Após ser informado que o filho aprendeu jiu-jítsu com um brasileiro, o sheik decidiu implantar a modalidade em todas as escolas do país.

Além disso, o sheik começou a recrutar apenas professores brasileiros graduados (faixa preta) para trabalhar no país, com um salário muito bom, em dia e excelentes condições de moradia.

Medo


No início, Adrien, um dos recrutados, ficou temeroso, pois não sabia o que enfrentaria pela frente. "A proposta era boa, mas viajamos no escuro. Mais quatro limeirenses foram comigo, o Rodrigo Oliveira, o Wellington e o Rafael Toyofuko. Para a minha surpresa e satisfação, vi tudo muito bem organizado. Eles levam muito a sério esse projeto. Me adaptei rapidamente e estou feliz lá, a exemplo dos meus companheiros. Passei muito bem os quatro primeiros meses", frisou.

Segundo o professor, Al Ain é uma cidade tradicional, de cerca de 200 mil habitantes, que se assemelha muito com Limeira. Entre as dificuldades estão o idioma, a comida bastante apimentada e principalmente o calor, que nessa época do ano chega a 50 graus.

Adrien confidenciou que tatuagem é proibida no país. "Como tenho uma no braço, preciso andar o tempo todo de camisa de manga comprida. Lá a lei funciona. Sai da linha você vai preso, sem perdão. Não tem furto, não tem roubo e as mulheres são muito respeitadas", contou.

O limeirense trabalha em sua base das 7 às 12h. No período da tarde estuda inglês e à noite treina jiu-jítsu com outros brasileiros que estão no país, um total de 500. "Tem muito brasileiro no país. Só no prédio onde moro estão outros 30 brasileiros. Por um lado é bom que temos a quem recorrer, mas por outro você deixa de se virar sozinho, em especial aprender mais rapidamente o inglês", falou.

Horas de folga

Adrien, que nas horas de folga assiste partidas de futebol do Al Ain, disse que o jiu-jítsu virou uma febre no país e que as escolas estão cheias de praticantes. Ele atribui ao sheik esse fenômeno. "Ele mesmo faz suas aulas com professores brasileiros. Quando tem competição escolar, o sheik faz questão de entregar as medalhas aos melhores. O pai que vê seu filho sendo cumprimentado pelo sheik é motivo de muito orgulho. Ele jamais vai esquecer desse dia", destacou.

Em razão do Ramadã, período de 18/06 a 18/07 onde os muçulmanos não podem comer ou beber das 6 às 18h, Adrien decidiu retornar ao Brasil para visitar a família. "Já estava com saudade. Não é fácil ficar sozinho, mas encaro tudo isso como um desafio. Estou levando a modalidade que pratiquei a vida toda para o outro lado do mundo. Isso me dá um enorme prazer de seguir em frente", salientou.

Retorno dia 13

O limeirense, que virou residente, retornará para os Emirados Árabes no próximo dia 13. Ele espera que sua esposa Maria Rita o acompanhe. "Tenho duas filhas que já estão casadas. Vou levar minha mulher para passar um período comigo lá e se ela se adaptar, espero que isso aconteça, ela ficará comigo. É um projeto bem bacana e acima de tudo, rentável", concluiu.

Em seu currículo constam nove títulos brasileiros, oito títulos paulistas, um sul-americano, o bi do Pan-Americano, o penta do Campeonato Internacional Máster e o bi do World Máster Championship. Vale lembrar que há dois anos o limeirense é o primeiro colocado no ranking máster da IBJJF.