Desde o início os dois times procuravam o gol. O maior adversário era o sol escaldante e a temperatura alta. Os jogadores demonstravam cansaço físico, mas o esforço era inevitável pela importância do duelo.
Precisando vencer por ter uma campanha inferior (perdeu a vantagem por um gol de saldo), o Centro Rural foi com tudo para cima do Estudantes e abriu o placar logo aos 5 minutos. O lateral Du recebeu na esquerda e levantou para a área. O zagueiro Carlão tentou cortar, mas acabou marcando contra. Um gol bonito de cabeça, só que contra.
O time presidido por Rochinha quase chegou ao empate dois minutos depois. Betinho lançou Alex, que cruzou rasteiro para Dega. O Diabo Loiro perdeu um gol feito.
O Centro Rural era perigoso nos contragolpes. João Vítor cadenciava o jogo no meio de campo e aos 14 minutos, quase surpreendeu o goleiro Leandro com um forte arremate de fora da área.
O Estudantes, que estava desfalcado de Gelson, Neguitão e Adriano Iversen - todos lesionados -, empatou aos 17 minutos. O zagueiro Lu foi para o ataque em uma grande arrancada após desarme com o peito. O capitão viu a passagem de Fernandinho pela direita e fez o passe. O ala cruzou para Dega, que ainda se livrou do marcador antes de deixar tudo igual: 1 a 1. Foi o 12º gol de Dega no campeonato - ele ficou a quatro gols do artilheiro Diego, do Brasil de Tatu.
O Centro Rural sentiu o empate e não demorou muito para sofrer a virada. Aos 27 minutos, Cebola tabelou com Alex e saiu livre na cara do gol. O ex-meia do São Lourenço acertou o ângulo de Renatinho, marcando outro bonito gol: 2 a 1. Foi um gol idêntico ao marcado por Lucas na Ilha do Retiro no sábado.
Dos 28 aos 43 minutos os times não produziram mais. O cansaço bateu e todos se arrastavam em campo, torcendo para que o primeiro tempo terminasse. Nem a parada técnica dada pelo árbitro Flávio Rodrigues Guerra aos 22 minutos foi suficiente. Litros e mais litros de água eram consumidos na beira do gramado.
Deu tempo ainda do Centro Rural perder uma boa chance para empatar. Cebola se atrapalhou em um corte na grande área e deu a bola de graça para Dinho. O goleador do Azulão ficou cara-a-cara com Leandro, mas encheu o pé para fora, à esquerda do gol.
Gols e expulsão
O segundo tempo foi ainda melhor. Logo no primeiro minuto, Cebola recebeu na direita e cruzou rasteiro para Dega. O atacante desviou na pequena área, por cima do gol, perdendo outro gol feito.
A resposta do Centro Rural veio no minuto seguinte, quando Naldo cobrou escanteio pela direita e Dinho escorou para fora, assustando o goleiro Leandro, que estava batido no lance.
O Centro Rural, atual campeão da Copa Gazeta Ouro, não se entregava e aos 4 minutos, Cafu escapou pela esquerda, adentrou a área e acabou derrubado por Lu. Pênalti indiscutível e bem marcado pelo árbitro que é aspirante à Fifa. Dinho cobrou com categoria, deslocando o goleiro Leandro e empatando o jogo: 2 a 2. Foi seu 11º gol na temporada.
O jogo pegou fogo após o empate e ficou em aberto. Aos 19 minutos, Dega conseguiu se livrar da marcação pela esquerda e rolou para Alex. O atacante só não marcou o gol, porque o zagueiro Anderson se esticou todo para salvar. Anderson fez um grande campeonato.
Aos 25 minutos, o Estudantes reclamou de uma possível penalidade máxima em Dega. O árbitro não marcou e na sequência, Cebola soltou uma bomba da entrada da área para uma grande defesa de Renatinho.
O técnico Juarez Virgílio sacou Dega e colocou o zagueiro Joca para trancar o sistema defensivo, afinal de contas, o empate lhe servia. As alterações começaram a ser realizadas pelas duas equipes. Zelão foi mais ousado, promovendo as entradas de Vitor Hugo e Cris.
Precisando vencer, o Centro Rural adiantou sua marcação e deu espaços ao Estudantes. Aos 34 minutos, Alex ficou sozinho no ataque, mas pecou pelo excesso de preciosismo ao tentar encobrir o goleiro. Só que pegou mal na bola.
Ambulância em campo
Aos 36 minutos, momento de tensão no Pradão. O volante Paulinho, do Centro Rural, entrou forte demais em uma dividida no meio de campo. Além das pernas, ele usou as duas mãos, nocauteando o volante Toquinho. Uma das entradas mais violentas registradas até hoje no Amador.
Com um profundo corte na boca e completamente zonzo, Toquinho foi conduzido à Santa Casa. Foi preciso a entrada da ambulância para levar o jogador. Após receber o cartão vermelho direto, Paulinho sentou no gramado e chorou copiosamente, arrependido do que tinha feito. Ele foi consolado pelos companheiros de time, enquanto os adversários reclamavam da brutalidade da entrada.
Foram 10 minutos de paralisação para o atendimento de Toquinho. A final deu uma esfriada, perdeu um pouco seu brilho. Todos ficaram assustados pela violência da jogada. Até o Centro Rural ficou abalado com a contusão do rival.
Aos 45 minutos, Betinho jogou entre as pernas de Zé Carlos pela ponta esquerda e quando acionaria seu irmão Alex, foi aterrado na grande área. Outro pênalti bem marcado por Flávio Rodrigues Guerra. Rafael bateu com perfeição, definindo a partida e dando o título ao Estudantes, time que não conquistava o Amadorzão desde 1964 - as outras três conquistas foram em 1955, 1956 e 1957. Já o Centro Rural segue com apenas uma conquista (1990).
Os melhores momentos desta final poderão ser vistos hoje no Segunda Esportiva da TV Jornal, a partir das 20h30.
Ficha Técnica
Estudantes 3 x 2 Centro Rural
Gols - Dega aos 17 e Cebola aos 27 minutos do 1º tempo; Rafael, de pênalti, aos 45 minutos do 2º tempo (ES); Carlão, contra, aos 5 minutos do 1º tempo e Dinho, de pênalti, aos 4 minutos do 2º tempo (CR).
Local - Pradão
Árbitro - Flávio Rodrigues Guerra
Estudantes - Leandro; Fernandinho, Lu, Carlão e Betinho; Rafael, Toquinho (Zoínho), Cebola (Danielzinho) e Gilberto (Thiaguinho); Dega (Joca) e Alex. Técnico - Juarez Virgílio.
Centro Rural - Renatinho; Marquinhos, Anderson, Zé Carlos e Du; Paulinho, Simon, João Vítor (Cris) e Naldo (Vandinho); Dinho (Vitor Hugo) e Cafu. Técnico - Zelão.
Ocorrências - cartão vermelho para Paulinho (CR) e amarelos para Carlão (ES), Du e Naldo (CR).
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