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domingo, 6 de abril de 2014
Após a chegada de Luís Mário, Inter venceu três partidas seguidas na A-3
Um líder por excelência. O meia Luís Mário, de 37 anos (01/11/1976), mudou o ambiente da Internacional da água para o vinho. Sua chegada fez o Leão sonhar novamente com a Série A-2. Hoje a realidade no clube é outra e a confiança é a palavra chave.
Desde sua estreia em Sertãozinho, foram três vitórias consecutivas da Veterana (1 x 0 Sertãozinho, 5 x 1 Noroeste e 2 x 0 Juventus) que recolocaram a equipe limeirense novamente no G-8, grupo dos classificados para a próxima fase do Campeonato Paulista da Série A-3.
E apesar de atuar em apenas três partidas, nenhuma completa, Luís Mário já é o vice-artilheiro da equipe com dois gols, atrás de Cleber Luís e Chuck, que balançaram as redes três vezes.
Filho dos flamenguistas Jair Brito e Iná Miranda da Silva, Luís Mário tem dois irmãos, João Luís de 32 anos, professor de educação física e Luciana, de 26 anos.
Em sua vitoriosa carreira vestiu as camisas de Remo, Mogi Mirim, Corinthians, Grêmio, Anyang LG Cheetahs da Coréia do Sul, Coritiba, Vitória de Guimarães de Portugal, Atlético/MG, Ponte Preta, Botafogo/RJ, Gallen da Suíça, Paysandu, Criciúma, ASA, Macaé, Bragantino, Catanduvense, Rio Branco e Icasa.
Pingue-Pongue com Luís Mário:
Painel - Você esperava chegar, estrear e ganhar três partidas seguidas na Inter?
Luís Mário - Melhor impossível né? Nosso time tem qualidade e vai brigar para subir. Quando o Osmar Cetim me convidou para defender a Inter, ele explicou que não queria só um jogador, mais sim alguém que pudesse acrescentar também fora das quatro linhas. Um líder que pudesse ajudar a Inter. Antes de acertar, assisti um treino para analisar o time. Gostei do que vi. São jogadores promissores. Vi que não era tão difícil assim sair da situação incômoda que o clube se encontrava. Foi por isso que aceitei mais esse desafio em minha carreira. E acertei.
Painel - Como o elenco te recebeu?
Luís Mário - Muito bem. Eles entenderam que eu vim para somar e não para ser o centro das atenções. Um só jogador não ganha campeonato, mas um elenco sim. Nossa equipe está unida e todos aqui se ajudam. Talvez eles tenham gostado de mim porque não sou vaidoso e individualista. Quero ser igual à todos aqui.
Painel - Você já tinha se aposentado antes do convite da Inter?
Luís Mário - Estava realmente decidido a parar de jogar, até para curtir mais as minhas filhas Gabriela (12 anos) e Pietra (7 anos) no sul do país. Joguei três meses na Segunda Divisão do futebol da Bulgária. Meu último clube no Brasil foi o Icasa, onde ajudei a subir para a Série B do Brasileiro. A Inter abriu as portas para mim e acreditou em meu trabalho. Serei eternamente grato por isso.
Painel - O gol na sua estreia em Sertãozinho ajudou ainda mais?
Luís Mário - Sem dúvida. Quando surgiu aquela falta pela meia-esquerda, porém de longa distância, avisei meus companheiros que eu levantaria a bola para a área. Foi por isso que os zagueiros foram até para a área tentar o cabeceio. Mas quando vi o posicionamento da barreira, achei que dava para bater no gol. Fui feliz demais no chute e a bola entrou na gaveta. Peguei na veia. Foi um golaço realmente.
Painel - Em sua vitoriosa carreira, já tinha marcado um gol assim?
Luís Mário - De falta esse sem dúvida foi o mais bonito. Não canso de assistir o vídeo. Defendendo o Mogi Mirim fiz um gol parecido no Canindé contra a Portuguesa, mas com a bola rolando.
Painel - Você enfrentou a Inter no passado?
Luís Mário - Sim, pelo Mogi Mirim. Eu não tinha sorte no Limeirão. Sempre que jogava aqui eu saía derrotado. O estádio recebia grandes públicos. A Inter sempre foi um time temido pelos adversários. É um dos mais respeitados do interior paulista. Não é a toa que foi campeão em 1986.
Painel - Hoje você se assusta ao ver a Inter apenas na Série A-3?
Luís Mário - Claro que sim. A Inter é muito grande para estar disputando uma terceira divisão. No mínimo é para ela estar na A-2. A cidade ama futebol. É triste vê-la nesta situação, mas tudo na vida tem um recomeço.
Painel - Você está bem fisicamente?
Luís Mário - Confesso que até assustei com meu rendimento diante do Noroeste. Joguei quase um tempo e meio e quando foi substituído, até para poupar, parecia que eu nem tinha jogado. Estou me sentindo bem demais. Aliás, estou pesando 77 kg. Nunca joguei tão magro em toda minha carreira.
Painel - A Inter vai subir?
Luís Mário - Garanto a você e a torcida leonina que a Inter só não vai subir se perder o foco daqui para frente. As peças que chegaram se encaixaram perfeitamente no esquema tático do professor Claudemir Peixoto. A gente só perderá para nós mesmos. Espero que isso não aconteça.
Painel - Você já recebeu algum convite para o segundo semestre?
Luís Mário - Sim, do ASA de Arapiraca, que infelizmente caiu no ano passado para a Série C do Campeonato Brasileiro. Joguei lá e os diretores gostam muito de mim. Mas sou grato aos clubes que acreditam em mim. Quando estava parado, foi a Inter que me procurou. Sendo assim, ficarei aqui até quando os dirigentes quiserem.
Painel - Se a Inter realmente subir para a Série A-2, você fica até 2015?
Luís Mário - Por mim, claro que sim. Apesar do pouco tempo que estou aqui, parece que já faz anos que visto a camisa da Inter. Sou bem tratado e me sinto bem aqui, acima de tudo, útil. Gostaria muito de cravar para sempre meu nome na história deste clube. Se o presidente quiser, eu jogo a A-2 sem problemas. Do jeito que estou bem fisicamente, mesmo aos 37 anos, acho que aguento mais uns dois anos. O que me ajuda também é o fato de nunca ter me machucado com gravidade. Mas vamos por partes. Primeiro será preciso subir.
Painel - Está gostando do trabalho do técnico Claudemir Peixoto?
Luís Mário - Nunca tinha trabalhado com ele, mas sempre ouvia falar da sua competência. Ele foi jogador e sabe como lidar com o elenco. Tem uma boa conversa e conhece futebol. Achei bacana ver a preocupação dele comigo na goleada contra o Noroeste. Ele me tirou no segundo tempo para me poupar. Isso nos fortalece para a sequência.
Painel - Um jogo inesquecível para você?
Luís Mário - Foi o primeiro jogo da final da Copa do Brasil de 2001. O Corinthians vencia o Grêmio por 2 a 0, quando marquei os dois gols que deram o empate a minha equipe. O Estádio Olímpico, com 60 mil torcedores, quase veio abaixo. Foi emocionante e inesquecível. Fomos campeões no Morumbi.
Painel - E um gol inesquecível?
Luís Mário - Foi o gol da classificação do Vitória de Guimarães para a Copa Uefa, um dos mais importantes da história do clube português. Vencemos o Boa Vista por 1 a 0, com meu gol aos 45 minutos do 2º tempo. Tirei a camisa na comemoração e fui expulso. Teve outro que marquei pelo Coritiba na final do Campeonato Paranaense de 2004 contra o Atlético. Está entre os dez mais bonitos da história do Coxa.
Painel - Você tem algum arrependimento na carreira?
Luís Mário - Tenho sim. Estava no Vitória de Guimarães de Portugal quando recebi um convite para defender a Lazio da Itália. Mas por ser muito apegado a minha família, decidi não ir. Vim para o Atlético/MG e acabamos rebaixados para a Série B do Campeonato Brasileiro, mesmo com um super time, com Marques e cia. Se tivesso ido para a Lazio, fatalmente estaria lá até hoje.
Painel - Como você foi descoberto no Remo?
Luís Mário - O saudoso presidente Wilson Fernandes de Barros, meu eterno paizão, me trouxe para o Mogi Mirim. Na época ele pagou 40 mil reais pelo meu passe ao Remo e me vendeu ao Corinthians por 1,5 milhão de dólares. Foi a maior transação feita pelo Mogi até hoje.
Painel - Faltou a Seleção Brasileira em seu currículo?
Luís Mário - Até hoje eu guardo uma grande mágoa do técnico Luiz Felipe Scolari. Entrei na Justiça contra o Corinthians e fiquei um mês e meio parado, até me transferir para o Grêmio. Estava no auge da minha carreira, mas o Felipão não me convocou, alegando que não levava jogador que estava parado. Preferiu o Alex Mineiro, do Atlético/PR. Hoje ele faz isso com o goleiro Júlio César. Isso dói. Era para estar naquele elenco campeão da Copa do Mundo.
Painel - Você pensa em ser técnico?
Luís Mário - Se eu disser que não, estarei mentindo. Penso sim. Quando pendurar as chuteiras vou me dedicar a carreira de técnico, até pelo currículo que tive no futebol. Trabalhei com os melhores técnicos do nosso país e nessa hora a experiência vai contar muito.
Painel - Qual seu maior sonho?
Luís Mário - Acho que sou diferente das outras pessoas. Sonho com coisas atuais. Ou seja, meu sonho é subir com a Inter para a Série A-2. Subi recentemente com o Icasa e levar o Leão para a A-2 seria muito bom para mim e principalmente para o clube.
Painel - Para fechar, é verdade que você fez um memorial na sua cidade natal?
Luís Mário. É verdade. Esse memorial está em Vigia, cidade de apenas 50 mil habitantes no Pará. Nesse local está toda minha história. Tem meus troféus, minhas faixas, inclusive a de campeão Mundial pelo Corinthians em 2000. Fui campeão com o Timão também no Brasileirão de 1999, campeão da Copa do Brasil de 2001 pelo Grêmio, ganhei o Gauchão de 2001 em cima do Juventude e fui campeão paranaense com o Coritiba. Nada mal.
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