Pesquisar este blog

Mostrando postagens com marcador Wilson Matías - Libertadores - Internacional/RS. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Wilson Matías - Libertadores - Internacional/RS. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Volante limeirense Wilson Matías pode ser campeão da Taça Libertadores hoje à noite


Limeira terá dois motivos para torcer pelo Internacional/RS hoje à noite, na decisão da Taça Libertadores da América contra o Chivas/MEX. O primeiro deles é que o capitão Bolívar morou parte de sua vida na cidade, afinal de contas, é filho do xerife Bolívar, jogador com o maior número de jogos com a camisa da Internacional de Limeira. O segundo e talvez mais importante, é o fato de o limeirense Wilson Matías integrar o atual elenco colorado.

Nascido em Limeira no dia 14 de setembro de 1983, o volante de 1m86 e 75 kg, teve um acensão meteórica na carreira e não para de sonhar com a seleção brasileira. De família humilde, Wilson Matías começou a jogar bola na escolinha do Estudantes em Limeira com o professor Léo. Em seguida foi lapidado pelo experiente Maé no Paulistano. Graças a um convite de um amigo, passou por um teste no Velo Clube de Rio Claro e foi aprovado. Atuando como centroavante naquela época, talvez por sua estatuta avantajada em relação aos demais, Wilson chamou a atenção e foi campeão juveni em cima do rival Azulão.



Suas atuações impressionaram os dirigentes do rubro-verde, que decidiram profissionalizá-lo no mesmo ano. O limeirense assumiu a condição de titular e foi um dos artilheiros do time, mesmo atuando como cabeça-de-área. O seu futuro de sucesso começou a ser traçado em um simples amistoso contra o União São João de Araras. O presidente José Mário Pavan estava na arquibancada e gostou do seu futebol. O técnico Zé Rubens aprovou sua escolha e graças a isso, acabou negociado com o União.

Não demorou muito e ele passou por um período de testes no Atlético-PR. Apesar de ser aprovado, os dirigentes do União optaram por não negociá-lo, prevendo que algum time do exterior entraria no páreo. Antes de chegar ao futebol mexicano, o volante passou pelo Ituano, onde foi campeão Brasileiro da Série C e disputou o Paulista e a Série B. Também jogou no Borussia Dortmund, da Alemanha e no Erminia Bellsa, onde acabou tendo 50% do passe comprado pelo empresário Oliveira Júnior.



Jogando como gente grande, Wilson Matías começou a receber um convite atrás do outro, todos de times grandes. Até o técnico Emerson Leão tentou levá-lo para o São Paulo, mas não obteve êxito. Cruzeiro, Santos e Palmeiras também chegaram a negociar com seus empresários, mas nenhum martelo foi batido. O objetivo era mesmo vendê-lo para o futebol estrangeiro, como queria o agente Fifa, Décio Berman.

Morélia e Pachuca do México, e Olimpique de Marselha da França disputaram o jogador por algumas semanas, mas a oferta do primeiro foi mais tentadora: U$ 1,5 milhão. Foram cinco temporadas no futebol mexicano, tendo atuado em 83 partidas pelo Morélio e feito cinco gols.

Dificuldades no México

Mas nem tudo foi um mar de rosas para o limeirense fora do País. Para começar, enfrentou uma altitude de 1.700 metros acima do nível do mar. "Cheguei no meio da semana, participei de um simples dois toques e fui relacionado para o jogo. Me viram como a solução para todos os problemas. Fui na raça e na superação", explicou. O que ele não esperava era por sua expulsão logo na estréia. "Além de perdermos para o Cruz Azul por 2 a 1, fui para o chuveiro mais cedo. A imprensa caiu de pau em cima de mim. Confesso que quase desisti de jogar no México, pois lá os volantes tem a obrigação de defender e atacar", confidenciou.


Para piorar a situação, Matias sofreu uma lesão no púbis logo em seguida, ficando dois meses entregue ao Departamento Médico. "O brasileiro é mais cobrado em tudo, talvez porque somos pentacampeões do mundo. Lia o jornal e o editor me criticava, ligava a televisão e os cronistas desciam o verbo em mim. Você não sabe a pressão que foi. Aguentei porque passei muito mais dificuldades na minha infância, sem dinheiro para nada, nem para comer direito", relatou.

Volta por cima

Quando Wilson foi liberado pelos médicos e treinou bem durante a semana, o treinador resolveu colocá-lo no segundo tempo do importante jogo contra o Toluca. "Estávamos perdendo por 1 a 0 e após a minha entrada o nosso time virou para 3 a 1. Nesse momento a minha confiança voltou. Fui escolhido o melhor em campo e dali para frente a minha vida mudou sensivelmente", explicou.



O ponto alto de sua passagem pelo México aconteceu na última rodada da fase de classificação do Clausura. O adversário foi o São Luiz, que tinha como um dos destaques o centroavante Didi, ex-Corinthians. O Morélia ganhou por 1 a 0, gol de cabeça do próprio Wilson Matías, que teve seu nome gritado por 70 mil torcedores presentes ao estádio. "Foi a primeira vez que me arrepiei de verdade. Caramba, tudo parecia um sonho. Virei herói do time e era assediado pelos torcedores a todo instante. Ganhei uma premiação extra e virei uma unanimidade no clube", frisou. O Morélia foi eliminado apenas nas semifinais pelo Pachuca (2x1 e 1x3), mas garantiu uma vaga na Pré-Libertadores.

Alegria e tristeza na família

Um dos momentos mais alegres de sua vida foi poder levar a sua mãe Benedita Aparecida César Matias para ficar três meses no México. "Levei ela no shopping center local e pedi para ela comprar o que quisesse. Ela chorou de emoção e ficou contente por ver o assédio dos torcedores comigo. Em seguida comprei uma casa mobiliada para ela aqui em Limeira", contou. Ele paga todas as despesas como água, luz, supermercado e roupa.



Dois de seus irmãos tinham condição de seguir no futebol, mas preferiram trabalhar. O mais velho é o meia Perna e o mais novo o zagueiro Bingão, ambos do Nova Itália, time da Primeira Divisão de Limeira. Ainda tem o Anderson e a Daiane.

Apontado como um dos volantes mais completos do futebol moderno e com fisionomia semelhante a de Freddy Rincón, Wilson não se esquece em nenhum momento do seu pai, o saudoso Irineu Matías, que faleceu aos 42 anos, vítima de um câncer. "Antes de morrer meu pai olhou para mim e disse que ele não me viria fazendo sucesso na televisão, mas que minha mãe e meus irmãos viriam. Ele estava coberto de razão. Sempre que entro em campo, rezo e peço proteção à ele. Sei que ele estará ao meu lado nesta final também", completou.

-----------------

Ficha Técnica:

Internacional/RS x Chivas/MEX

Internacional/RS - Renan; Nei, Bolívar, Índio e, Kléber; Sandro, Guiñazú (Wilson Mathias), Tinga e D'Alessandro; Taison e Alecsandro (Éverton). Técnico - Celso Roth.
Chivas/MEX - Michel; Luna, Magallón, Reynoso e Ponce; Mejía, Fabián e Baez e Bautista; Arellano e Bravo. Técnico - José Luis Real.
Árbitro - Oscar Ruiz (Colômbia).
Local - Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre (RS), às 22h.