Ele é querido por onde passa. Um legítimo uruguaio com alma brasileira. Jorge Carlos Paredes Corbo é um dos torcedores mais ferrenhos do Peñarol, adversário do Santos na final da Taça Libertadores da América. Ele vem aguentando gozações desde o empate sem gols no jogo de ida, disputado em Montevidéu.
"Os santistas acham que já ganharam a Libertadores. Só tenho um recado para dar a eles. O Peñarol não sabe ganhar jogos, mas sabe ganhar títulos. Não é a toa que é um dos maiores vencedores da competição, com cinco canecos e quatro vices. Estamos em nossa décima final e vamos conquistá-la novamente", justificou.
Jorge Uruguaio, como é carinhosamente chamado pelos amigos de Bolinga e do Ítalo Brasileiro, onde é um dos volantes raçudos e falastrões, acredita que a estrela do meia Martinuccio vai brilhar no Pacaembu.
"No primeiro jogo ele foi anulado pelo volante Adriano, mas hoje vão esquecer dele, por precisarem atacar. É aí que nosso meia vai desequilibrar", comentou.
Jorge, que ficou marcado pela frase "vamos marcar caramba", mora há 20 anos em Limeira. Filho de Juan Alfredo Paredes e Renné Margarita Corbo - ambos falecidos e sepultados em Buenos Aires, na Argentina onde moraram por 30 anos - ele passou sua infância acompanhando os jogos de seu time do coração.
"Minha segunda casa era o Estádio Centenário. Não perdia um jogo sequer. Se compararmos com o futebol brasileiro, o meu Peñarol é o Corinthians por exemplo, pois é um time do povo, da massa. Os torcedores são apaixonados demais e choram nas derrotas", explicou.
Queria ser jogador na infância
Jorge tentou ser jogador de futebol, influenciado pelo primo, o goleiro Corbo, campeão com o Grêmio e muitas vezes convocado para a seleção celeste. Jogou pelo Vilardebo, Juventude Maturana, Cadiz, Stocolmo, até se profissionalizar no Montevidéu Wonderers. Mas o jogador sempre colocava os estudos à frente da bola.
"O Uruguai é o melhor lugar para se estudar na América do Sul. Só que é difícil arrumar emprego no próprio país, formado por quase 70% de idosos. É o povo que mais migrou, pode pesquisar", contou.
Em 1991, Jorge conheceu a família Raimundo, que residia em Limeira. Um convite foi feito e Corbo aceitou o desafio.
"Eu fazia e vendia nas feiras um aparelho chamado Pantógrafo, que era para desenhar. Assim foi meu início aqui nessa abençoada cidade. Me sinto um limeirense de verdade", frisou.
Jorge já fez quase de tudo na vida. Foi garçom, segurança, camareiro, vendedor de bingo, professor de idiomas e trabalhou em faculdades com Comércio Exterior. Hoje é vendedor de folheados e assessórios para calçados.
É palmeirense no Brasil
Aos 51 anos (13/04/1960), Jorge Uruguaio, fã do zagueiro Lugano e do atacante Diego Forlán, é pai de Cláudia Parades, hoje com 33 anos. Ele tem seis irmãos, todos morando fora. No Brasil, torce para o Palmeiras, mas em Limeira não tem preferência por Internacional ou Independente.
"Frequento o Limeirão e o Pradão. Gosto de ver os times da cidade vencendo", afirmou. Ele já sabe o que fazer, caso o seu Peñarol conquiste hoje a Libertadores. "Vou no Ítalo Brasileiro gozar os meus amigos santistas que alugaram até um telão para assistir ao jogo. Eles vão ter que me aguentar", brincou.
*** Foto de Fernando Carvalho - Gazeta de Limeira
