Mal tinha começado o segundo tempo do dérbi entre Internacional e Independente, sábado à tarde no Limeirão pela Série A-3, quando Negueba recebeu um lateral cobrado por Andrezinho. O meia ajeitou e do bico da grande área arriscou. A bola foi no ângulo de Carlos Carioca que nada pôde fazer. Imediatamente, correu para comemorar com os companheiros no banco de reservas.
Negueba e o elenco galista ganharam um dia de folga após a vitória. O herói do dérbi viajou para São Paulo onde passou o domingo ao lado da esposa Tayná, com quem está junto há sete anos. Aliás, Negueba confessou que o gol foi dedicado a amada.
Danilo Fernandes dos Santos já teve o apelido de Robinho e até de Chulapa. Mas se identificou com Negueba, uma alusão ao jogador revelado pelo Flamengo e que não teve sorte em sua passagem recente pelo São Paulo.
Com 1m79 e 63 kg, Negueba, de 24 anos (15/10/1989) vive a melhor fase de sua carreira, que começou em São Paulo, cidade onde nasceu. Antes de chegar ao Galo, defendeu as cores da Portuguesa de Princesa do Leste do Mato Grosso do Sul, do Ibituba de Santa Catarina, do Itumbiara de Goiás e do Nacional da Capital.
Foi atuando na Segundona do Campeonato Paulista pelo time da Comendador Souza que o meia chamou a atenção de Álvaro Gaia. "Ele é rápido e veloz. Tem muito vigor físico, além de ser habilidoso. Era tudo o que eu precisava", comentou o treinador. Negueba também excursionou para a Holanda, com um grupo de empresários, mas não ficou na Europa.
Pingue Pongue
Gazeta - Qual foi a sensação de marcar o gol que deu a vitória ao Independente no dérbi?
Negueba - Indescritível. Eu estava precisando de um gol. Nas quatro primeiras rodadas fui um dos jogadores que mais chances de marcar teve, mas minha bola insistia em não entrar. Em duas oportunidades os goleiros fizeram milagres. Ainda bem que o gol saiu na hora certa e ainda por cima no dérbi, na casa do rival.
Gazeta - Você viu que o goleiro Carlos Carioca estava adiantado?
Negueba - Não. Do jeito que o lateral do Andrezinho veio para mim, lembrei das orientações do professor Álvaro Gaia, de que se sobrasse uma bola de fora da área, eu poderia chutar no gol. Fui muito feliz. Ela foi certinha no ângulo. E que golaço. Foi lindo demais.
Gazeta - Foi seu segundo gol pelo Independente. O primeiro foi uma pintura contra a Ferroviária. Qual foi o mais bonito?
Negueba - Sem dúvida nenhuma foi esse contra a Internacional. Até pela importância que foi. Estamos na liderança da Série A-3 e invictos. Aquele contra a Ferroviária também foi bonito. Chapelei o zagueiro na grande área e sem deixar a bola cair acertar o ângulo. Mas aquele jogo nós perdemos por 2 a 1. Marcar um gol no dérbi não tem preço.
Gazeta - O Álvaro Gaia achou sua posição em campo, ou seja, te deixa a vontade. Seu futebol cresceu com isso?
Negueba - Poucos jogadores no Brasil atuam livres como eu. O professor Gaia, que tem muito conhecimento, me deixou a vontade para exercer a função que eu quisesse dentro de campo. Como tenho facilidade para puxar contra-ataques, passei a ser um jogador importante para seu esquema tático. Eu marca e avanço. Caio pelas duas laterais, confundo a marcação adversária e crio vários oportunidades de gols. Acho que o próprio Gaia está satisfeito com meu papel. É bem melhor jogar assim do que na ala-direita como na Copa Paulista.
Gazeta - Você sabia que o Álvaro Gaia se emocionou ao falar de você ao final do dérbi na Rádio Educadora?
Negueba - Não ouvi, mas me contaram. Considero o Gaia como um pai. Ele sabe disso. O professor sempre me apoiou. Me orienta, quer o meu bem e está sempre disposto a me ajudar. Tento retribuir todo essse carinho e respeito com boas atuações, como essa do dérbi. O Gaia é um excelente treinador, que vai subir nosso time para a Série A-2. Ele também merece todo esse sucesso, pois trabalha muito.
Gazeta - Jogar com Claytinho, Anderson e Dairo facilita?
Negueba - Sem dúvida. São três excelentes jogadores, que vivem um ótimo momento também. O Independente montou um time unido e muito competitivo. Estamos focados e preparados. Temos tudo para subir. Nossa campanha inicial é muito animadora. São três vitórias e dois empates. Estamos no caminho certo. Nossa tendência é melhorar ainda mais.
Gazeta - Agora só falta a torcida comparecer em maior número?
Negueba - Com certeza. Essa vitória no dérbi foi para comprovar que esse time vai brigar para subir. Tenho certeza que aquele galista que não vai ao campo há muito tempo fará questão de nos apoiar diante do Água Santa na quarta-feira. Estamos merecendo uma boa presença de público. Eu acredito que o Pradão estará bonito na quarta-feira. Uma coisa é certa, eufórico eu sei que o torcedor está.
Gazeta - Seu time do coração e seu sonho?
Negueba - Hoje torço pelo Independente, até porque já estou aqui há duas temporadas. Mas sou corintiano e meu sonho é um dia servir a seleção brasileira. Tenho apenas 24 anos e sei que posso crescer na carreira. Sou esforçado e otimista. Acredito muito em mim.