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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Matéria que fiz sobre a morte do João Ferraz


Faleceu hoje em Limeira, aos 65 anos, o comentarista esportivo João Ferraz. Ele perdeu a luta contra o câncer. João Macaco, apelido que ganhou de Marcos Bagatella - hoje pessoa influente no Palmeiras -, fazia parte da equipe de esportes da Rádio Educadora 1020 AM, onde participava de segunda a sexta-feira do programa “Painel Esportivo”. Também era titular do “Segunda Esportiva”, programa exibido às segundas-feiras na TV Jornal.

O "bigode mais conhecido da cidade" se destacava, em especial, por defender o São Paulo FC, chegando a discutir com seus companheiros de bancada, que gostavam de provocá-lo, em especial o amigo César Roberto.

João Ferraz foi vereador de 1996 a 2000 e diretor de esportes de 2000 a 2004, na gestão de Pedrinho Kuhl, um de seus grandes amigos. Foi chefe da delegação limeirense nos Jogos Regionais de 2004, realizados em nossa cidade.

O craque da vida e do microfone deixa viúva Marilena Nicklas Ferraz e as filhas Adriana e Patrícia, além de dois netos, de quem tinha verdadeira adoração. Seu corpo foi velado na Maçonaria e sepultado às 16h30, no Cemitério Municipal. Amigos e parentes compareceram para prestar a última homenagem ao esportista.

Vida
João Batista Ferraz nasceu dia 23 de junho de 1946, em Limeira. Era filho de Mário Ferraz e Geni Figueiredo Ferraz, e tinha quatro irmãos (Emiliano e Jairo (falecidos), Marlene e Cláudio).
Com 7 anos já jogava no time infantil da Companhia Prada, mas adorava mesmo o "Chapadão". Nesta época, era necessário que se pagasse um recibo para ter o direito a uma camisa do time. Seu pai pagava rigorosamente sua mensalidade, pois sentia no filho um futuro craque. Depois jogou em outro time, o Corintinha, que mesmo levando o nome do rival do São Paulo, honrava aquela camisa.

Quando terminou o primário, João Ferraz transferiu-se para o Instituto Escolar Castello Branco, onde cursou o ginásio no período noturno, pois durante o dia trabalhava na Cooperativa Prada.

Com 13 anos de idade, João já defendia o juvenil do Flamenguinho. Depois jogou no Jabaquara e no Paulistinha. Em 1963, já com 17 anos, arrumou um emprego na Companhia União de Refinadores e dentro da empresa foi formado um time, o Refiunião, para disputar o Torneio das Indústrias, sempre nos feriados de 1º de Maio. João Ferraz foi convidado para jogar no time, pelo qual ficou cinco anos consecutivos campeão. Trabalhava durante o dia e estudava a noite no Colégio Técnico Santo Antônio e nos finais de semana, sempre havia um tempinho para o futebol.

Passou na Ponte Preta

Em 1964, foi convidado a fazer um teste na Associação Atlética Ponte Preta de Campinas. Passou uma semana fazendo testes, nos quais foi muito bem, mas quando voltou para casa, sua mãe estava morrendo de saudade, o que fez com que não retornasse aos treinos. Difícil escolha para quem amava o futebol e tinha a oportunidade de jogar em um time grande.

Em 1968, com 22 anos, foi convidado a jogar em Rio Claro, agora no futebol profissional. Disputou o Campeonato Paulista da 2ª Divisão por dois anos. Em 1970, foi jogar no Lemense, também da 2ª Divisão. Nesta competição foi um dos artilheiros do time e ficou conhecido pelo chute forte e por seus gols em cobranças de falta.

Independente - o seu auge

Em Limeira, um dos clubes mais tradicionais estava resolvendo montar um time para disputar a 2ª Divisão. Após uma reunião com os dirigentes, estes resolveram convidar João Ferraz. Então, integrou o time do Independente Futebol Clube a partir de 1970, onde viveu seus melhores momentos no futebol, marcando gols excepcionais, a maioria de falta.

Foi campeão com o Galo em 1974, diante da Cafelandense e o ajudou a subir em 1975 para a Divisão de Acesso. Como a Internacional voltava suas atividades, começaram os confrontos entre Galo e Leão, ou seja, os famosos derbys. E não é que o craque transferiu-se para o Leão. Mas seu coração ainda era galista, pois foi lá que passou a maior parte de sua carreira.

Ao sair da Cia. União de Refinadores, começou a trabalhar na Companhia de Seguros Minas Brasil. Já com 31 anos de idade, resolveu encerrar sua carreira de futebol como profissional. Tanto pela idade, quanto à preocupação com o trabalho, mesmo porque, o futebol estava ficando cada vez mais profissional e, conseqüentemente, exigindo mais do jogador.

Jogou e se destacou no Amadorzão

Mas quem ama o futebol como João Ferraz, jamais deixaria de bater sua bolinha. Disputou vários Campeonatos Amadores por Ipiranga, Minetto e Paulistano, onde em 1987 sagrou-se campeão.
Também conquistou campeonatos internos do Nosso Clube, defendendo times como o Graminha. E com muito orgulho guarda suas inúmeras medalhas de artilheiro destes campeonatos. Passou os últimos anos de sua vida defendendo a Merck Bak aos sábados à tarde, onde tinha uma legião de amigos e admiradores.

Em 1983, João Ferraz, que foi bancário, entrou para a equipe de esportes da Rádio Jornal, e uma das grandes emoções nesta sua nova carreira, foi sem dúvida alguma a conquista da Internacional de Limeira em 1986. Ele estava no Morumbi na memorável vitória contra o Palmeiras. Outra felicidade contagiante do comentarista foi ver a Winner/Limeira conquistar pela primeira vez o título paulista em 2009.

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Como João Ferraz era para seus amigos:

"O João Ferraz era um profissional de trajetória linear. Não tinha imperfeições e primava pela seriedade naquilo que fazia. Era um pai de família exemplar. Ele conseguiu jogar no Independente e na Internacional sem que ninguém o aborrecesse. Ele deixará uma lacuna irreparável". (Roberto Lucato - chefe da equipe de esportes e diretor da Gazeta de Limeira.
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"Deus precisava de uma pessoa como o João Ferraz no céu, seja para jogar bola, ser comentarista ou para ser amigo" (João Valdir de Moraes - repórter da Rádio Educadora).

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"Perdi um irmão, uma pessoa adorável. Agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de conviver com esse ser humano acima da média. Não sou de chorar em velórios, mas não consegui segurar as lágrimas ao ver o João Ferraz". (César Roberto - repórter da Rádio Educadora)

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"O João Ferraz era um comentarista ponderado, inteligente. Enxergava o jogo como ninguém. Gostava quando ele dizia que a vitória foi insofismável. Foram mais de 500 jogos ao seu lado. Difícil entender que não mais passarei a palavra para os seus comentários durante as transmissões esportivas. Cresci na profissão o admirando". (Edmar Ferreira - narrador esportivo)

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"Amigo é coisa para se guardar para o resto da vida". (Roberto Martins - empresário e comentarista)

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"Uma perca irreparável. Um exemplo de ser humano, muito dedicado ao esporte. Era precavido e adorava viver. Via o João Ferraz como um excelente pai de família. Era honestíssimo e gostava das coisas certas. Além de um grande amigo, era bastante divertido", (Júlio César Florindo - secretário de esportes)

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"Via no João Ferraz uma pessoa leal. Sua dignidade era marcante. Tinha determinação e amor no que fazia. É uma lacuna para os homens que semeiam o bem" (José Vítor Buragas - diretor de esportes)

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"Era um cara sincero, atencioso. Nunca tive uma discussão com ele. Era realista e leal". (Antonino Alcântara Teixeira Martins - diretor de esportes)

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"Joguei a vida toda com ele. Ganhamos vários bichos em razão da bomba que ele tinha nos pés. Perdi um super amigo". (Dadona - ex-jogador do Independente.

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"O João Ferraz é um dos maiores idolos do Independente. Um excepcional comentarista. Um grande homem, que tinha compaixão. Não via ele criticar ninguém". (José Marcelo de Assis - presidente do Independente)