Pela primeira vez na história uma limeirense tem grande chance de vencer a Corrida Internacional de São Silvestre, que será disputada hoje à tarde (16h30), em São Paulo. Andrea Celeste da Silva Ramos Benites, de 32 anos (03/05/1977), largará no pelotão de elite e é apontada pelos especialistas como uma das 10 brasileiras favoritas ao título.
Andrea Celeste viajou para São Paulo confiante na manhã de ontem e disse que se preparou melhor para a competição desse ano. Ela espera completar os 15 km em menos de 55 minutos, tempo conquistado por ela na edição passada. "Se eu conseguir baixar o tempo de 2008, fatalmente estarei no pódio, quem sabe como vitoriosa, ou até mesmo como melhor brasileira da prova", afirmou.
Com 1m67 e 54 quilos, a limeirense acredita que o recorde da prova poderá até ser quebrado esta tarde, caso a temperatura seja a mesma desta semana, ou seja, tempo fechado. "O sol é o grande inimigo dos corredores", brincou.
Andrea não adiantou a tática que utilizará na corrida e disse que não mudará sua forma de correr, mesmo que as estrangeiras disparem na frente, como geralmente acontece. "É natural nos corredores de elite aumentar o rítmo da metade da corrida para frente. Muita gente só fala na tal subida da Brigadeiro, mas existem outras subidas complicadas durante os 15 km. Não sou daquelas corredoras que ficam pensando apenas nesse trecho. Fico concentrada do começo ao fim e preparada para o que vem pela frente", contou.
Ela não descarta o favoritismo das estrangeiras, em especial das quenianas. "Eles têm diversas vantagens em relação as brasileiras. Treinam na parte alta em seu país e têm como lema a corrida. Parece que elas vivem para correr", frisou.
Depois de defender o Cruzeiro de Belo Horizonte, Andrea correrá por Limeira este ano, defendendo o projeto que desenvolve na Associação Limeirense de Atletismo (ALA). Ela terá o apoio da Bioleve, empresa que esteve ao seu lado durante todo o Circuito Caixa.
Celeste, que sofreu com uma contusão no começo do ano, deu a volta por cima, conquistando medalhas (3 de ouro e 1 de prata) nos Jogos Regionais de Atibaia e nos Jogos Abertos de São Caetano do Sul, representando Limeira. "Gostaria também de ter terminado o Circuito Caixa entre as três primeiras colocadas, mas fiquei em quarto. Num contexto geral, acho que o ano foi positivo. Quem sabe venha o pódio na São Silvestre para que eu tenha um fim de ano ainda mais feliz. Sei que apoio dos limeirenses não faltará", destacou.
Ela se emocionou ao lembrar do carinho dos companheiros de ALA, em especial do técnico José Carlos da Silva. "Todos fizeram questão de me desejar boa sorte. O Fumaça é muito especial em minha vida. Estou tão confiante, que acredito em uma prova perfeita", completou.
Entre as concorrentes da limeirense estão Cruz Nonata da Silva, campeã brasileira nos 5 e 10 mil metros e Edielza dos Santos Guimarães. Além delas, Maria Zeferina Baldaia (2001), Marizete Rezende (2002) e Lucélia Peres (2006) buscarão o inédito bicampeonato feminino brasileiro. Das estrangeiras, a que mais representa perigo é a etíope Derartu Tulu, campeã da Maratona de Nova York de 2009.
Vida
Andrea Celeste iniciou no esporte praticando ballet e fazendo ginástica olímpica, isso aos 10 anos, logo que chegou em Limeira após deixar o sítio onde morava em Junqueirópolis. Sua vida no atletismo começou em uma edição de Jogos Escolares. Ela foi descoberta pelo professor José Germano, que através de seu olho clínico, analisou o seu biotipo e a convidou para participar dos treinamentos na escola Luigino Burigotto.
O destino estava traçado e mesmo correndo de calça comprida em sua primeira competição oficial, Celeste conquistou três medalhas de ouro, nas provas de salto, velocidade de resistência. Era o que faltava para a atleta descobrir seu dom. Em razão dos bons resultados, Andrea passou a integrar a equipe de atletismo do Sesi, onde se aprimorou ainda mais.
Aos 17 anos, terminou o segundo grau e conseguiu uma bolsa de estudos em Araçatuba, onde passou a estudar e treinar intensamente. Polivalente, Andrea escolheu primeiro disputar o heptatlo, competição que reúne sete provas (100m com barreira, salto à distância, salto em altura, arremesso de peso, lançamento de dardo, 200m rasos e 800m rasos).
A temporada de 1996 foi uma das melhores na carreira da corredora, que conquistou os títulos de campeã paulista, brasileira e sul-americana nos 800m. Em seguida, foi vice-campeã brasileira nos 800 e 1.500m, ficando a 4 segundos do índice olímpico.
A vida de Andrea mudou a partir do momento que ela perdeu seu patrocinador em Presidente Prudente, a Brasil Telecom. Ela perdeu a vontade de treinar e competir. Mas através do incentivo de amigos, a limeirense aceitou o desafio de participar de corridas de rua. Em sua primeira prova de 10 km, venceu e ainda por cima ganhou uma premiação em dinheiro.
Em sua carreira no esporte, Andrea competiu três vezes fora do país. Em 1996, participou do Sul-Americano da Colômbia, ganhando os 800m rasos. No ano seguinte, disputou o Mundial da Itália, mas não conseguiu o tempo suficiente para chegar a final. Já em Paris, participou da Maratona de 42 km, que servia de seletiva para os Jogos Olímpicos de Pequim. Até os 30 primeiros quilômetros, a limeirense estava com índice para a Olimpíada, mas se machucou, precisando abandonar a prova.
Neste ano, disputou a Maratona do Rio de Janeiro e ficou em 6º lugar na classificação geral, sendo a 4ª melhor brasileira. Em Vitória, no Espírito Santo, disputou as 10 Milhas Garoto, ficando em 5º lugar no geral e em 3º entre as brasileiras.