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domingo, 30 de outubro de 2011

Felipe Nunes desequilibrou nessa Segundona


Arrancadas espetaculares em direção ao gol. Dribles desconcertantes. Gols maravilhosos e decisivos. Assistências perfeitas. Habilidade e comprometimento com o time. Todas essas virtudes pertencem a Felipe Nunes, o craque do Independente no Campeonato Paulista da Segunda Divisão. "Ele foi perfeito e cumpriu exatamente tudo aquilo que eu pedi", comentou o técnico Parraga.

Todos os jogadores galistas merecem o carinho e o respeito do torcedor pela campanha extraordinária na Segundona, mas o craque do time, indiscutivelmente, foi Felipe Nunes, comparado pelos torcedores galistas a Lucas, do São Paulo.

Com apenas 21 anos, esse meia-atacante natural de Gama, Brasília, só não fez chover nesta temporada. Até gol do meio de campo marcou, na goleada sobre o Ecus, em Suzano, por 5 a 2. "Fui muito feliz naquele dia. Vi o goleiro adiantado e arrisquei. A bola entrou no alto, sem chances. Foi um dos gols mais bonitos que marquei em minha carreira", lembrou.

Na decisão de vaga contra o Primeira Camisa, domingo passado, Felipe Nunes foi eleito o melhor jogador em campo e mereceu esse status. Também pudera. Foram duas assistências e um pênalti sofrido.

"Faltou só o gol, mas ele sairá na decisão contra o Capivariano", sorriu.

Até a reta final da Segundona, Felipe Nunes não tinha empresário. Bastaram algumas atuações de gala, mostradas para todo o Brasil através da televisão, para que o curitibano Marcelo acertasse com o prodígio, passando a ser o dono do seu passe. E convenhamos, vai ganhar muito dinheiro com ele.

"Agora tenho mais tranquilidade para trabalhar. Deixo meu futuro nas mãos dele, que é um profissional da área, de caráter e de palavra", comentou.

Início no futsal

Os dribles curtos de Felipe Nunes, que viraram um tormento na vida dos defensores dos times desta Segundona, vieram do futsal. Dos 10 aos 15 anos, se dedicou exclusivamente às quadras, desequilibrando, como sempre. Atuava como ala e impressionava seus companheiros de time, que queriam saber de onde vinha tanta habilidade.

Aos 15 anos, foi para o CFZ, que tinha Zico como parceiro. Sua posição no campo era meia-atacante, a mesma de hoje em dia. Foi lá que teve a oportunidade de formar a dupla de ataque com Henrique, hoje no São Paulo.

"Somos amigos até hoje. Ele é um grande parceiro que fiz no futebol", frisou.

Antes de defender o Independente, Nunes passou ainda por CFZ do Rio de Janeiro e Brasiliense. Ele foi indicado ao técnico Parraga pelo supervisor Pedro Viana, que o viu jogar no Distrito Federal.

"O Pedrinho indicou também o zagueiro Jean. Antes de acertar, confesso que estava quase abandonando o futebol. Não aguentava mais ouvir promessas de empresários. Nunca elas se concretizavam. Mas minha mãe sentiu que eu deveria arriscar, já que São Paulo é uma grande vitrine do futebol. Decidi respeitar sua opinião e vim para Limeira. Graças a Deus ela tinha razão. É por isso que eu sempre digo, mãe nunca erra", disse com lágrimas nos olhos.

Para agradecer o carinho e a confiança, Felipe Nunes comprou passagens aéreas para que dona Eneida do Carmo Mundim Neto e sua namorada Carolina Alves Nogueira possam assistir o jogo da final contra o Capivariano, domingo que vem no Pradão.

"Não é fácil ficar longe das duas mulheres da minha vida. Espero ganhar o título para poder oferece à elas", salientou.

E olha que os planos de Felipe Nunes com Carolina vão mais além.

"Logo logo ela vai ganhar o Nunes como sobrenome. Já estamos juntos há três anos e todo nosso sofrimento pela distância não será em vão. Ela é a mulher da minha vida", elogiou.

Vida

Nascido em 20/05/1990, Felipe Mundim Nunes é filho também do funcionário público José Ribamar Rodrigues Nunes, tendo dois irmãos, Guilherme e Júlia. Ele torce para o São Paulo e tem como ídolo, Ronaldo Fenômeno.

Apesar da empolgação pelo acesso à Série A-3, o craque sabe que dificilmente permanecerá no Independente para 2012.

"Estamos sendo muito assediados. Só vejo uma saída para que a maioria permaneça por aqui e ela é a renovação do técnico Parraga. O grupo inteiro confia no professor. Acredito que quase todos vão acompanhá-lo, aqui ou em outro clube. Se não fosse por ele, jamais o Galo subiria. Ele foi de tudo um pouco no Pradão, desde treinador a psicólogo", confidenciou.

Particularmente, Nunes gostaria de ficar no alvinegro, pois se identificou com a cidade, com a imprensa e, principalmente com a torcida.

"Sinto que a torcida me admira e isso não tem preço. Fico satisfeito que hoje eles estejam festejando o acesso", disse.

Segredos

Felipe Nunes contou que alguns jogos foram fundamentais para que o acesso à Série A-3 começasse a ser concretizado. Para o meia-atacante, o elenco galista se fortaleceu ainda mais com a greve deflagrada em 08/07, antes do jogo contra o Palmeirinha, no Limeirão.

"Naquele momento em senti que todos falavam a mesma língua. Nosso grupo era unido demais", contou.

Outro jogo chave apontado como segredo do sucesso foi a goleada sobre o Guarujá por 5 a 0, também no Limeirão. "Jogamos demais naquele dia. Tive o privilégio de marcar um golaço. Depois daquele dia, olhamos uns para os outros e sentimos o quanto nosso time era bom e competitivo", destacou.

O empate contra o Primeira Camisa, em São José dos Campos, com dois erros cruciais do árbitro e a goleada sobre o Ecus em Suzano também fortaleceram o elenco galista na opinião no jogador.

Felipe Nunes jurou que em nenhum momento o time se abalou, nem mesmo com os salários atrasados.

"Não deixamos os problemas extra-campo interferirem no campo de jogo. Queríamos subir. E olha que passamos por várias situações ao longo desses meses. Nem as duas derrotas seguidas para a Portuguesa Santista, que tiraram nossa invencibilidade, foram motivos de preocupação. Estávamos focados a subir e sabíamos que tínhamos condições para tal. Nosso elenco era muito forte e nossa previsão se confirmou no domingo", completou.