Ele é carismático, gosta das coisas certinhas, discute quando tem que discutir, mas sempre foi leal aos seus princípios. Figurinha pra lá de carimbada no futebol amador de Limeira, Carneiro vai para mais uma Copa Gazeta, competição que ele admira e acima de tudo, cobiça.
Hoje comandando o Ibirapuera, Jesuíno Soares Filho acredita que seu time pode fazer frente ao Seringueira Brasil no domingo. Será o jogo do vice-campeão da Primeirona contra o campeão da Segundona.
"O time do Zé Nikkey nunca é apontado como favorito, mas sempre chega nas finais. É um time arrumadinho, que chegou até vencer o campeão Abílio Pedro no segundo jogo da final. Vamos respeitar nosso adversário, mas em jogo está uma vaga na semifinal. Serão 90 minutos, onde quem errar menos vai se classificar. Espero que seja meu time", comentou.
Nascido em Pindorama, mas residindo em Limeira desde 1977, Carneiro é aquele típico esportista que não precisa de legenda. Por onde passa tem sempre alguém que puxa assunto, claro que sobre o Amadorzão.
Chegada a Limeira
E olha que quando foi trazido por seus pais a Limeira, Carneiro tentou ser jogador de futebol. Passou dois meses na Inter como atacante, mas seu pai queria vê-lo trabalhando, para ajudar no sustento da família.
Como o futebol corria em suas veias, passou a disputar o Amador. Além de ajudar a fundar o Vila Nova, defendeu ABC, Serva e Irmãos Forte. Pouca gente sabe, mas em razão de um problema no coração, precisou abandonar os gramados. "Minha válvula mistral era torta. Ou eu parava, ou eu morria. A vida é tão linda né", sacou.
Foi então que Carneiro virou uma espécie de Eurico Miranda, mas para o lado do bem, ou seja, de sempre lutar pelas equipes que dirigia. Prevaleciam sempre seus ideais. Foi assim nos Irmãos Forte em 2000.
Mas foi no time que levava seu apelido, que Carneiro passou a ganhar status na cidade. Quem é que não lembra daquele time laranja, verde e azul escuro, que incomodava os chamados grandes? Foi campeão da Segundona de 2004 em cima do Metalúrgicos.
Estreia na Copa Gazeta
Em 2007 disputou sua primeira Copa Gazeta. Empatou com o Orom (2 x 2), mas foi eliminado com as goleadas sofridas por Rio Negro (5 x 1) e Santa Cruz (5 x 0). Vanilson, Vinícius Bovi e Curumim eram seus destaques.
Lutando sozinho e sem conseguir parceiros para ajudar na manutenção do time, Carneiro encerrou as atividades de sua equipe, com muita dor no coração. "Foi uma decisão bastante difícil, porém necessária. Fiquei três anos apenas assistindo o Amador, mas sempre com aquela vontade de voltar", confidenciou.
Como seu filho Ygor é craque de bola, convites eram feitos a todo momento. O atacante foi parar no Santo Antônio. Era o que faltava para Carneiro iniciar seu retorno ao campeonato, novamente como manager.
Mas ele não estava satisfeito apenas em "dar seus pitacos". Queria mesmo era comandar, liderar. Foi então que em 2011, Carneiro solicitou uma vaga na Terceirona ao presidente Antonino Alcântara Teixeira Martins, na Liga Desportiva Limeirense. Surgia enrão mais uma força na cidade: o Ibirapuera.
Carneiro montou um estatuto, correu atrás de jogadores, formou uma diretoria - Moisés foi o primeiro presidente, e filiou o time. Era tudo o que ele queria para voltar a sorrir. Sem o Amador, parecia que faltava um tempero em sua vida.
E como Carneiro é sinônimo de sucesso, o Ibirapuera foi crescendo. Mudou de presidente - saiu Moisés e entrou Carlinhos - e logo no primeiro ano foi campeão da Terceirona em cima do Rubro-Negro. Uma vitória dramática por 2 a 1, gol do meia Baldo. Com isso, garantiu uma vaga na Copa Gazeta Ouro pela primeira vez em sua história.
Em um grupo muito difícil na chamada "Libertadores do Amador", venceu o Estudantes por 2 a 1, mas foi eliminado com as derrotas para Seringueira Kahel e Nova Itália.
Em 2013, já na Segundona, não conseguiu se classificar. No ano seguinte, caiu nas semifinais para o Juventus, com a derrota por 2 a 1. Subiram Verona e o próprio Moleque Travesso.
Mas em 2015, o Ibirapuera conseguiu seu título mais importante, faturando a Segundona em cima do forte São Lourenço. Novamente carimbou seu passaporte para a Copa Gazeta. Era a consagração de um trabalho de muito fôlego e perseverança de seu idealizador.
Marido de Ivete Ferreira Damasceno Soares, pai de Maicon, Joyce e Ygor e vô de Felipe, Lucas e Miguel, Carneiro é só sorrisos, mas evitou fazer qualquer tipo de promessa em caso de título na Copa Gazeta, como por exemplo atravessar todo o Pradão de joelho. "Vou até o meio de campo só. Tá bom demais", sorriu.
