Um ponto. Isso mesmo, um ponto. Foi o que faltou para a Internacional se classificar para a segunda fase do Campeonato Paulista da Série A-3. A derrota para o Taubaté por 1 a 0, ontem pela manhã no Estádio Joaquim de Moraes Filho, acabou com o sonho do Leão em disputar a Série A-1 em 2013, ano do seu centenário. Mesmo com a desclassificação, o presidente Ailton Oliveira confirmou que vai manter toda a equipe para o segundo semestre para as disputas da Copa Paulista, incluindo o técnico Lelo.
Mais uma vez o técnico Lelo pecou por ser ousado demais. Precisando somar um único ponto para avançar, o treinador ignorou a boa vantagem que tinha nas mãos, colocando em campo um time extremamente ofensivo. O volante Rodney, que treinou durante a semana como titular ao lado de Ricardo, foi sacado minutos antes da partida. Lelo optou por Diego Carioca, enfrequecendo a marcação e colocando a Inter para atacar. Pagou um preço caro por isso. Fim de uma invencibilidade de nove partidas.
Antes do jogo, um clima de guerra foi armado. O ônibus que levava a delegação da Inter foi recebido a pedrada e paulada, além dos tradicionais morteiros. Ninguém de machucou. Durante a madrugada, fogos e batuque dos torcedores locais na frente do hotel atrapalharam o sono dos leoninos. Valia tudo para o time da casa se classificar.
O Taubaté, empurrado por quase quatro mil torcedores, contou com um forte aliado no confronto decisivo: o gramado. Choveu muito no Vale do Paraíba no fim de semana, castigando o tapete verde, que trocou de cor, ficando marrom em razão da lama. Com isso, os jogadores de frente da Veterana não conseguiram ter o mesmo desempenho dos jogos anteriores. Lucas Biselli foi a peça mais apagada do encontro, justo que ele, que vinha desequilibrando.
O Burro da Central, que precisava vencer para se classificar, perdeu seu artilheiro Gilsinho no aquecimento. O goleador, que voltava de contusão, foi vetado. Já Creedence, de quase 2 metros de altura, foi para o sacrifício. Mal sabia ele que se tornaria o herói do jogo. O time da casa apostava no goleador, ex-Guarani e Brasiliense, e sabia que a qualquer momento ele poderia decidir o duelo no jogo aéreo, arma do time da casa.
Apesar de ofensiva, a Inter fez um bom primeiro tempo. O ala Serginho por exemplo, era vaiado a todo momento que pegava na bola, mas tem justificativa, pois ele jogou em Taubaté. O jogador criou duas boas chances em jogadas individuais pela direita. Aos 19 minutos, Serginho lançou Diego Carioca, que invadiu a área pela direita e bateu cruzado para fora.
O Taubaté explorava as alas com Augusto e Marquinhos. Por outro lado, abusava do jogo faltoso, sem que o árbitro Luciano Monteiro dos Santos tomasse providências. Só Lucas Lima recebeu, no mínimo, 15 faltas, todas duras.
Aos 25 minutos a desclassificação alvinegra começou a ser desenhada. Diego Carioca passou errado na direita, nos pés de Augusto. O lateral entregou para Anderson Tico e se projetou para a ponta-direita, recebendo a devolução. O ala cruzou na cabeça de Creendence, que livre na segunda trave, abriu o placar: 1 a 0. Mesmo com a derrota parcial, a Inter estava ficando com a quarta vaga, já que Flamengo x Paulínia e Juventus x Taboão da Serra estavam no 0 a 0.
Por incrível que pareça, a Inter não sentiu o gol e continuou jogando da mesma forma, com personalidade. Aos 31 minutos, Lucas Biselli foi lançado em condição pela direita e cruzou rasteiro. Após falha de Augusto, Paulo Henrique encheu o pé e Pitty salvou em cima da linha. No rebote, Lucas Lima finalizou por cima do gol, para desespero dos poucos, porém apaixonados, torcedores leoninos presentes ao Joaquinzão.
Pressão:
Só deu Inter no segundo tempo, mas é bom lembrar que o goleiro Marcão evitou o segundo gol do time da casa logo no início e no puro reflexo. Ele defendeu com os pés um desvio de cabeça na pequena área de Augusto, após cobrança de escanteio de Marquinhos na direita. Foi um milagre.
Enquanto Lucas Lima tinha dificuldades para armar as jogadas, Rony era o maestro da Inter, mostrando muita habilidade. Faltava apenas objetividade ao meia. Foram mais de cinco faltas frontais para o Leão e nenhuma aproveitada. A que passou mais perto foi a de Rony aos 22 minutos, que assustou Gisiel.
Lelo aumentou a ofensividade da Inter com as entradas de Índio e William nos lugares de Diego Carioca e Paulo Henrique. E os dois entraram muito bem no jogo. William por duas vezes deu trabalho a Gisiel, com chutes fortes da entrada da área. Índio também arrematou uma bola da meia-lua, que fez o goleiro do Taubaté se esticar todo para defender.
O desespero da Inter aumentou com os gols de Flamengo e Juventus. Sendo assim, só o empate colocaria a equipe limeirense na fase seguinte. Nos 20 minutos finais a Inter não saiu da área do Taubaté. Foi um massacre, sem que a bola entrasse.
Na melhor chance do jogo, isso aos 37 minutos, Rony levantou para a área, Cazone aparou e Índio, com o goleiro batido e o gol escancarado a sua frente, bateu de bico para fora. Uma chance de ouro jogada para fora.
O Taubaté teve vários contra-ataques à disposição. O técnico Abelha colocou Rudmar e Anderson, mas os dois não souberam aproveitar os buracos deixados na defesa leonina com o avanços dos zagueiros, que foram para o tudo ou nada tentar resolver na frente. É bom frisar que Xandão, Marquinhos e Cazone foram quase que impecáveis nos desarmes.
O Taubaté, vendo que a classificação estava próxima, abusou da cera. A todo momento um jogador caia em campo e pedia atendimento médico. O árbitro deu apenas quatro minutos de acréscimo. Lelo ainda promoveu a estreia do atacante Igor, que entrou cheio de vontade.
Os leoninos reclamaram de duas possíveis penalidades máximas. Na primeira, William foi lançado na esquerda, cortou seu marcador, invadiu a área e foi para o chão. O árbitro entendeu que o atacante leonino escorregou. Na segunda, Índio disputou pelo alto com Léo, que cortou a trajetória da bola com a mão. O árbitro entendeu que não houve a intenção do becão.
Aos 46, a Inter viu que poderia jogar até a manhã seguinte que não empataria. Novo cruzamento para a área, Cazone resvalou de cabeça e Igor, livre na grande área, finalizou na rede pelo lado de fora. Todos colocaram a mão na cabeça.
Quando o árbitro apitou o fim da partida, jogadores da Inter ficaram desolados no gramado. Alguns chegaram o chorar. O mais arrasado era o goleiro Marcão. Fim de Série A-3 para a Inter, um castigo daqueles.
Ficha Técnica:
Taubaté 1 x 0 Internacional
Gol - Creendence aos 25 minutos do 1º tempo (TAU)
Local - Estádio Joaquim de Moraes Filho, em Taubaté
Árbitro - Luciano Monteiro dos Santos
Auxiliares - Marcelo da Silva e Marcelo Rodrigues
Público e Renda - não divulgados
Internacional - Marcão; Marquinhos, Cazone e Xandão; Serginho, Ricardo (Igor), Lucas Lima, Rony e Paulo Henrique (William); Diego Carioca (Índio) e Lucas Biselli. Técnico - Lelo.
Taubaté - Gisiel; Augusto, Léo, Pitty e Marquinhos; Emerson, Anderson Tico, Leandro Porto (Anderson) e Hilton Mineiro (Nenê); Cleber e Creedence (Rudmar). Técnico - Abelha.
Ocorrências - cartões amarelos para Cazone, Xandão, Ricardo e William (IN); Pitty e Cleber (TA).
*** Fotos de Roberto Lucato - Gazeta de Limeira
